Seminário alerta para o aumento das doenças ligadas ao trabalho

Em setembro, a ANAMT reuniu diversos especialistas em Belo Horizonte. Um dos principais temas debatidos foi a relação entre a atividade exercida e a saúde mental do empregado.

Em setembro, a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) reuniu diversos especialistas em Belo Horizonte para o seminário “Saúde mental: o grande desafio do médico do trabalho”. Durante as mesas de discussão, um dos principais temas debatidos foi a relação entre a atividade exercida e a saúde mental do empregado.

Miryam Mazieiro, psicóloga do trabalho do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), foi uma das profissionais a defender que o trabalho não é neutro nesse campo. Segundo ela, a saúde é, também, uma construção laboral. “As pessoas têm uma tendência a achar que isso é apenas uma fragilidade pessoal e acabam culpando o trabalhador pelo seu adoecimento.”

Ela destacou que a competitividade e individualidade nas empresas contribuem para esse cenário. E os números colaboram com isso. Entre 2009 e 2015, cerca de 100 mil pessoas se aposentaram por invalidez causada por transtornos mentais e comportamentais. De acordo com Maurício Leão de Rezende, presidente da Associação Mineira de Psiquiatria, mais de 50% das causas de depressão estão ligadas ao trabalho. Já a médica do trabalho Rosylane Nascimento Rocha destacou que ao menos 10,7 mil casos de acidentes de trabalho em 2016 foram causados por algum tipo de transtorno mental.

Segundo a médica, isso é reflexo direto da atual situação do país, na qual a pressão gerada nas empresas e o desemprego aumentam os casos de depressão. Quem tem uma opinião parecida é a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que aponta a fragmentação do mercado, o enxugamento de equipes e a terceirização como fontes para essas doenças mentais.

A presidente da Anamt, Marcia Bandini, destaca a importância de se procurar um profissional e lutar contra o preconceito. “O estigma faz com que a pessoa leve muito tempo para buscar ajuda”, disse.

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