Cuidados para evitar o adoecimento mental do trabalhador

Para muitas pessoas, o ambiente de trabalho é uma tortura diária. O grande número de problemas que são encontrados nas empresas podem fazer com que o trabalhador perca o equilíbrio emocional e físico, gerando graves problemas de saúde.

Para muitas pessoas, o ambiente de trabalho é uma tortura diária. Cobranças excessivas, chefes pouco compreensíveis, falta de clareza na definição das funções, ambientes insalubres, falta de segurança, má gestão, comunicação ineficaz, assédio psicológico e até mesmo sexual. Esses problemas são apenas alguns dos muitos que podem ser encontrados nas empresas e que, quando acumulados, fazem com que o trabalhador perca o equilíbrio emocional e físico, gerando graves problemas de saúde.

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os transtornos psicológicos são alguns dos fatores que mais afastam profissionais de suas atividades. Somente entre 2012 e 2016, por exemplo, foram registrados 55,3 mil casos de trabalhadores licenciados devido a esse problema, sendo 28 mil por transtorno de ansiedade ou depressão.

Como prevenir

Para evitar que isso ocorra, a empresa precisa criar um ambiente saudável para todos. No artigo “Quando o trabalho faz adoecer”, a pedagoga Carla Orlandi alerta para a necessidade de tratar cada profissional como se ele fosse único, pois na ânsia de “tenho que entregar”, muitos gestores nem conhecem seus funcionários. “Cabe ao gestor de recursos humanos conscientizarem aos líderes como administrar o trabalho sem agredir o bem estar do funcionário, fazê-lo enxergar que o profissional é mais que uma matrícula um número em uma planilha.”

O auditor-fiscal Jeferson Seidler, assistente técnico do Departamento de Saúde e Segurança no Trabalho (DSST) do MTE, também ressalta o papel do patrão nesse processo. Para ele, cabe ao patrão criar um ambiente que não represente um risco constante ao trabalhador. “Depende do empregador […] adotar medidas de controle, em especial aquelas pertinentes ao ritmo de trabalho e às metas adequadas, ou seja, alcançáveis.”

Para isso, Jeferson reforça a importância do treinamento das lideranças para melhorar as relações interpessoais. Também são necessárias iniciativas para diminuir o estresse dos funcionários, como pausas, ginásticas laborais, momentos de descontração entre a equipe e até mesmo mudanças estruturais do ambiente. Isso evita o sentimento constante de pressão e a síndrome de burnout.

Também cabe ao profissional prestar atenção aos sinais que seu corpo apresenta. Ao identificar os primeiros sintomas, precisa dar mais atenção às pequenas ações do dia a dia, manter uma boa alimentação, observar os horários de descanso e, caso seja necessário, procurar ajuda profissional.

No blog da Ocupacional também há um post sobre o assunto, com mais dicas para os empregadores evitarem doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Confira aqui.

Casos de assédio moral

Além do estresse diário, outro problema comum nos ambientes de trabalho é o assédio moral. Segundo Margarida Maria Silveira Barreto (2000), médica do Trabalho, professora e pesquisadora da UNICAMP, podemos defini-lo da seguinte forma:

“É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego.”

Ele não é considerado uma doença, mas sim uma forma de violência que pode contribuir com o adoecimento dos profissionais. Pode ocorrer tanto do chefe com seus subordinados quanto dos próprios colegas, mas o primeiro tem consequências mais graves. O funcionário se sente inseguro e com medo de se defender e perder o emprego.

O agressor – no caso, o líder – realiza criticas constantes, pratica humilhações públicas, ridiculariza o trabalho e não se mostra satisfeito com nada que o funcionário faça. Também há uma clara diferença na forma como são tratados homens e mulheres. Elas sofrem com uma intimidação mais intensa, são forçadas a serem submissas, e ouvem piadas grosseiras e comentários acerca de sua aparência física ou vestuário, isso sem falar no assédio sexual que muitas vezes também ocorre. Já os homens são isolados do convívio e precisam escutar comentários maldosos sobre sua virilidade e capacidade de trabalho e de manter a família.

O assédio moral é caracterizado como crime, mesmo que ainda não haja uma regulamentação específica sobre o assunto. Por isso, as empresas devem ficar atentas ao comportamento de seus líderes, capacitando as pessoas para assumirem tais cargos. Criar um ambiente saudável depende de todos, então é preciso identificar os problemas e trabalhar em cima de cada um deles. E não há um momento melhor para começar do que agora.

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